O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê.
O poema alguém o dirá
Às searas.
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento.
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento.
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas.
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo.
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