Água densa do sonho, quem navega?
Contra as auroras, contra as baías:
barca imóvel, estrela cega.
Bate o vento na vela e não a arqueia.
- Não foi por mim!
Partiram-se as cordas, rodaram os mastros,
os remos entraram por dentro da areia...
Os remos torceram-se, e trançaram raízes.
- Inútil forçá-los - alastram-se, fogem
na sombra secreta de eternos países...
Mudou-se a vela em nuvem clara!
Choraram meus olhos, minhas mãos correram...
- Alto e longe! - Não foi por mim...
E apenas pára
um corpo na barca vazia,
à mercê das metamorfoses,
olhos vertendo melancolia...
O vento sopra no coração.
Adeus a todos os meridianos!
Deito-me como num caixão.
Ah! sobrevive o mar no meu ouvido...
«Marinheiro! Marinheiro!»
(Ilhas...Pássaros...Portos... - nesse ruído,
- O mar...O mar!...O mar inteiro!...)
Mas é tempo perdido!
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