O grito - Cláudio Neves

(sobre um quadro de Munch)

Há sempre um fiorde e uma ponte
 em toda a vertigem humana,
 e sempre essas nuvens em chama
 no som da palavra horizonte.

Há sempre um fiorde, uma ponte,
 dois homens de negro e o louco,
 e curvas no espaço amplo e pouco,
 e ser nesse andrógino instante.

Há sempre dois barcos que somem
 além do fiorde e da ponte
 que brumas tão rubras consomem.

E nesse grito a que ninguém responde,
 há sempre esse eco bifronte,
 esse espaço sem quando, esse tempo sem onde.


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