Em alguma vida fui ave.
Guardo memória
de paisagens espraiadas
e de escarpas em voo rasante.
E sinto em meus pés
o consolo de um pouso
soberano
na mais alta copa da
floresta.
Liga-me à terra
uma nuvem e seu desleixo de
brancura.
Vivo a golpes com coração de
asa
e tombo como um relâmpago
faminto de terra.
Guardo a pluma
que resta dentro do peito
como um homem guarda o seu
nome
no travesseiro do tempo.
Em alguma ave fui vida.
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