Minha Londres das neblinas
finas!
Pleno verão. Os dez mil
milhões de rosas paulistanas.
Há neve de perfumes no ar.
Faz frio, muito frio...
E a ironia das pernas das
costureirinhas
parecidas com bailarinas...
O vento é como uma navalha
nas mãos dum espanhol.
Arlequinal!...
Há duas horas queimou Sol.
Daqui a duas horas queima
Sol.
Passa um São Bobo, cantando,
sob os plátanos,
um tralálá... A guarda-cívica!
Prisão!
Necessidade a prisão
para que haja civilização?
Meu coração sente-se muito
triste...
Enquanto o cinzento das ruas
arrepiadas
dialoga um lamento com o
vento...
Meu coração sente-se muito
alegre!
Este friozinho arrebitado
dá uma vontade de sorrir!
E sigo. E vou sentindo,
à inquieta alacridade da
invernia,
como um gosto de lágrimas na
boca...
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