Escuto na palavra a festa do
silêncio.
Tudo está no seu sítio. As
aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão
próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se de
ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um
pomar de espuma.
Uma criança brinca nas dunas,
o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o
caminho.
Surpresa e não surpresa: a
simples respiração.
Relações, variações, nada
mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda,
incendeia, recomeça.
Nada é inacessível no
silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada
transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte
de água clara.
Se digo árvore a árvore em
mim respira.
Vivo na delícia nua da
inocência aberta.
(Fotografia Josh Adamski)
Um poeta a menos na Terra, certamente é uma estrela a mais no céu.
ResponderExcluirLindo poema. Suas palavras ficam, aqui, conosco, eternas.