Sussurro - Flora Figueiredo

Aquiete-se para ouvir o silêncio;
a clorofila escorre pela haste,
a sombra e o sol ecoam um contraste
de quentes e frios na linha divisória.

Tente escutar a história da brisa
quando passa empurrando
a bruma, que, tola,embaça a púrpura da rosa.
Esta conta prosa de sacerdotisa.

Faça atenção ao momento de explosão
da metamorfose
que irrompe em grande dose
de véus e açúcares.

Sinta o cochilo dos nenúfares.
Se conseguir atingir
o ponto mais profundo da quietude,
vai poder ouvir o coração do colibrí.

Ele bate minúsculo num peito passarinho.
A Terra se mobiliza para entoar
uma sonata azul em homenagem
a esse músculo coberto de plumagem,
que tão pequenininho é tão capaz de amar.


Um comentário:

  1. Amei esse poema da Flora! Acho que não me recordo dele. A Flora foi meu primeiro passo na poesia, lembro-se do encanto que senti ao ler versos tão eufônicos, como música bailando em meus ouvidos. Comprei todos os livros dela. Hoje a tenho como uma recordação poética e doce em meu coração.

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