A Federico Garcia Lorca - Branca Bakaj
Havia fumo no ar
e as aves gritavam
Federico...
Federico...
Iam ver de perto a cruel verdade,
ver demais a dura realidade
Federico...
Federico...
Frio medo fere o fraco Alonso
e do frágil medo,
a fria morte
Federico...
Federico...
Alaridos
gritos contidos
tiros ao longe
Federico...
Federico...
Triste Granada
coberta de flores
molhada de sangue...
Morreu o cantor dos gitanos
morreu o cantor da lua.
e as aves gritavam
Federico...
Federico...
Iam ver de perto a cruel verdade,
ver demais a dura realidade
Federico...
Federico...
Frio medo fere o fraco Alonso
e do frágil medo,
a fria morte
Federico...
Federico...
Alaridos
gritos contidos
tiros ao longe
Federico...
Federico...
Triste Granada
coberta de flores
molhada de sangue...
Morreu o cantor dos gitanos
morreu o cantor da lua.
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Branca Bakaj
Esta vida - Guilherme de Almeida
Um sábio me dizia: esta existência,
não vale a angústia de viver. A ciência,
se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo. E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.
Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um monge me dizia: ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida
Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um pobre me dizia: para o pobre
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus, eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.
Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
No telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!
Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.
não vale a angústia de viver. A ciência,
se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo. E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.
Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um monge me dizia: ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida
Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um pobre me dizia: para o pobre
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus, eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.
Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
No telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!
Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.
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Soneto do amor como um rio - Vinícius de Moraes
Este infinito amor de um ano faz
Que é maior que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.
Que é maior que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.
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Vinícius de Moraes
Poemas São como Vitrais Pintados - Goethe
Poemas são como vitrais pintados!
Se olharmos da praça para a igreja,
Tudo é escuro e sombrio;
E é assim que o Senhor Burguês os vê.
Ficará agastado? — Que lhe preste!...
E agastado fique toda a vida!
Mas — vamos! — vinde vós cá para dentro,
Saudai a sagrada capela!
De repente tudo é claro de cores:
Súbito brilham histórias e ornatos;
Sente-se um presságio neste esplendor nobre;
Isto, sim, que é pra vós, filhos de Deus!
Edificai-vos, regalai os olhos!
Se olharmos da praça para a igreja,
Tudo é escuro e sombrio;
E é assim que o Senhor Burguês os vê.
Ficará agastado? — Que lhe preste!...
E agastado fique toda a vida!
Mas — vamos! — vinde vós cá para dentro,
Saudai a sagrada capela!
De repente tudo é claro de cores:
Súbito brilham histórias e ornatos;
Sente-se um presságio neste esplendor nobre;
Isto, sim, que é pra vós, filhos de Deus!
Edificai-vos, regalai os olhos!
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Goethe
Toada - Emílio Moura
Minha infância está presente.
É como se fora alguém.
Tudo o que dói esta noite,
eu sei, é dela que vem.
É como se fora alguém.
Tudo o que dói esta noite,
eu sei, é dela que vem.
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Emílio Moura
Humorismo - Guilherme de Almeida
Sossego macio da tarde.
Um sol cansado
passa pelo rosto suado
uma nuvenzinha alva como um lenço
para enxugar as primeiras estrelas.
Silêncio.
E o sol vai caminhando sobre os montes tranqüilos
vai cochilando. E de repente
tropeça e cai redondamente
sob a pateada dos sapos e a vaia dos grilos.
Um sol cansado
passa pelo rosto suado
uma nuvenzinha alva como um lenço
para enxugar as primeiras estrelas.
Silêncio.
E o sol vai caminhando sobre os montes tranqüilos
vai cochilando. E de repente
tropeça e cai redondamente
sob a pateada dos sapos e a vaia dos grilos.
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The Highwayman - H.C. Bailey
O vento era uma corrente da escuridão
entre as tempestuosas árvores.
A lua era um pálido galeão
lançado acima aos mares nublados
A estrada era uma tira do luar
sobre a terra roxa
E o ladrão de estradas vinha cavalgando
Cavalgando, cavalgando
O ladrão de estradas vinha cavalgando,
em direção ao velho albergue.
Ele usava um chapéu francês sobre a cabeça,
um lenço de seda em seu queixo
Um casaco de veludo vermelho e calções de couro de coelho
Eles adaptaram-se sem precisar de uma prega,
suas botas iam acima da coxa!
E ele cavalgava com brilho nos olhos ,
Com sua pistola sem brilho
Com o cabo de sua espada sem brilho, sob o céu brilhante.
Sobre a calçada ele se anunciou, e adentrou o pátio escuro
E ele bateu com seu chicote nas persianas,
porém elas estavam fechadas.
Ele assobiou uma melodia à janela,
e quem poderia estar esperando lá?
Senão a filha de olhos negros do senhorio,
Bess, a filha do senhorio
Com uma longa fita vermelha
prendendo seus longos cabelos pretos.
“Um beijo, minha bela adorada,
estarei atrás de uma recompensa essa noite
Mas eu devo estar de volta com o ouro amarelo antes do amanhecer
Se me seguirem de perto, ou me atormentem até o dia
Então procure-me no lua
Vigie por mim no luar
Eu virei te encontrar no luar,
mesmo que o inferno barre meu caminho.”
Ele subiu nos estribos, mal podia alcançar a mão dela
Porém ela desatou seu cabelo no batente!
A face dele queimou semelhante brasa
E a negra cascata de perfume chocou-se contra seu peito
E ele beijou as ondas no luar,
(Oh, doces ondas no luar!)
Então ele puxou na sua rédia no luar,
E galopou em direção ao oeste.
Ele não veio ao amanhecer; ele não veio ao meio dia
E ao fim do pôr-do-sol, antes do nascer da lua,
Quando a estrada era como uma faixa cigana,
amarrando a terra púrpura
Uma tropa com casacos vermelhos veio marchando
Marchando, marchando
Homens do Rei George vieram marchando
em direção ao velho albergue
Eles não disseram uma palavra ao senhorio
Ao invés disso beberam sua cerveja
Então amordaçaram sua filha
e amarraram-lhe aos pés de sua estreita cama
Dois deles ajoelharam-se ao lado da janela,
com seus mosquetes ao lado
Havia morte em todas as janelas
E o inferno em uma janela escura
Bess pode ver pela janela,
A estrada que ele iria cavalgar.
Eles atraíram sua atenção, com muitos risos sarcásticos;
Eles amarraram-na a um mosquete,
com o cano sob seu peito
“Agora vigie bem” E beijaram-na
Ela ouviu o homem morto dizer
"Então procure-me no luar
Vigie por mim no luar
Eu virei te encontrar no luar,
mesmo que o inferno barre meu caminho”
Ela torceu suas mãos amarradas,
mas os nós estavam muito fortes!
Ela retorceu suas mãos até seus dedos
ficarem molhados com suor e sangue
Eles esticaram e cansaram na escuridão
e as horas arrastaram como anos!
Até agora, na batida da meia-noite,
Fria, na batida da meia-noite,
A ponta de um tocou
O gatilho ao menos estava com ela!
Tlot-tlot! Eles teriam ouvido isso?
Os cascos dos cavalos soaram claros
Tlot-tlot, na distância!
Estavam surdos por não ouvirem?
Sob a linha do luar, além da fronte da colina,
O ladrão de estradas veio cavalgando,
Cavalgando, cavalgando!
Os casacos vermelhos olharam sua condição
Ela levantou-se séria e quieta.
Tlot no gélido silêncio! Tlot, na noite ecoante!
Mais perto ele vinha e mais perto!
A face dela era pura luz!
Seus olhos arregalaram-se por um instante!
Ela deu um último suspiro
Então seus dedos moveram-se no luar,
Sua mosquete despedaçou o luar,
Despedaçou o seu peito no luar
e prevenindo-no com sua morte.
Ele virou-se, ele cavalgou ao oeste;
não sabia que o que havia acontecido,
Curvada coma cabeça sobre o mosquete
Encharcada em seu próprio sangue vermelho!
Só no amanhecer ele ouviu falar disso,
sua face tornou-se pálida ao ouvir
Como Bess, a filha do senhorio
A filha de olhos negros do senhorio
Que vigiou por seu amor ao luar,
e morreu na escuridão deste lugar.
De volta ele cavalgou como um louco,
gritando uma maldição ao céu.
Com a estrada branca fumegante atrás dele
e brandindo sua espada aos céus
Vermelho sangue era a espora ao meio-dia dourado,
o vermelho vinho era seu casaco de veludo.
E foi atingido pelo tiro na estrada
Caido como um cão na estrada
Caído sobre o próprio sangue na estrada,
Com o lenço de seda na garganta.
Ainda em noites de inverno, dizem,
quando o vento bate em árvores
Quando a lua é um pálido galeão,
lançada acima aos mares nublados
Quando a estrada é uma tira do luar
sobre a terra roxa
Um ladrão de estradas vem cavalgando,
Cavalgando, cavalgando
Um ladrão de estradas vem cavalgando ,
em direção ao velho albergue.
entre as tempestuosas árvores.
A lua era um pálido galeão
lançado acima aos mares nublados
A estrada era uma tira do luar
sobre a terra roxa
E o ladrão de estradas vinha cavalgando
Cavalgando, cavalgando
O ladrão de estradas vinha cavalgando,
em direção ao velho albergue.
Ele usava um chapéu francês sobre a cabeça,
um lenço de seda em seu queixo
Um casaco de veludo vermelho e calções de couro de coelho
Eles adaptaram-se sem precisar de uma prega,
suas botas iam acima da coxa!
E ele cavalgava com brilho nos olhos ,
Com sua pistola sem brilho
Com o cabo de sua espada sem brilho, sob o céu brilhante.
Sobre a calçada ele se anunciou, e adentrou o pátio escuro
E ele bateu com seu chicote nas persianas,
porém elas estavam fechadas.
Ele assobiou uma melodia à janela,
e quem poderia estar esperando lá?
Senão a filha de olhos negros do senhorio,
Bess, a filha do senhorio
Com uma longa fita vermelha
prendendo seus longos cabelos pretos.
“Um beijo, minha bela adorada,
estarei atrás de uma recompensa essa noite
Mas eu devo estar de volta com o ouro amarelo antes do amanhecer
Se me seguirem de perto, ou me atormentem até o dia
Então procure-me no lua
Vigie por mim no luar
Eu virei te encontrar no luar,
mesmo que o inferno barre meu caminho.”
Ele subiu nos estribos, mal podia alcançar a mão dela
Porém ela desatou seu cabelo no batente!
A face dele queimou semelhante brasa
E a negra cascata de perfume chocou-se contra seu peito
E ele beijou as ondas no luar,
(Oh, doces ondas no luar!)
Então ele puxou na sua rédia no luar,
E galopou em direção ao oeste.
Ele não veio ao amanhecer; ele não veio ao meio dia
E ao fim do pôr-do-sol, antes do nascer da lua,
Quando a estrada era como uma faixa cigana,
amarrando a terra púrpura
Uma tropa com casacos vermelhos veio marchando
Marchando, marchando
Homens do Rei George vieram marchando
em direção ao velho albergue
Eles não disseram uma palavra ao senhorio
Ao invés disso beberam sua cerveja
Então amordaçaram sua filha
e amarraram-lhe aos pés de sua estreita cama
Dois deles ajoelharam-se ao lado da janela,
com seus mosquetes ao lado
Havia morte em todas as janelas
E o inferno em uma janela escura
Bess pode ver pela janela,
A estrada que ele iria cavalgar.
Eles atraíram sua atenção, com muitos risos sarcásticos;
Eles amarraram-na a um mosquete,
com o cano sob seu peito
“Agora vigie bem” E beijaram-na
Ela ouviu o homem morto dizer
"Então procure-me no luar
Vigie por mim no luar
Eu virei te encontrar no luar,
mesmo que o inferno barre meu caminho”
Ela torceu suas mãos amarradas,
mas os nós estavam muito fortes!
Ela retorceu suas mãos até seus dedos
ficarem molhados com suor e sangue
Eles esticaram e cansaram na escuridão
e as horas arrastaram como anos!
Até agora, na batida da meia-noite,
Fria, na batida da meia-noite,
A ponta de um tocou
O gatilho ao menos estava com ela!
Tlot-tlot! Eles teriam ouvido isso?
Os cascos dos cavalos soaram claros
Tlot-tlot, na distância!
Estavam surdos por não ouvirem?
Sob a linha do luar, além da fronte da colina,
O ladrão de estradas veio cavalgando,
Cavalgando, cavalgando!
Os casacos vermelhos olharam sua condição
Ela levantou-se séria e quieta.
Tlot no gélido silêncio! Tlot, na noite ecoante!
Mais perto ele vinha e mais perto!
A face dela era pura luz!
Seus olhos arregalaram-se por um instante!
Ela deu um último suspiro
Então seus dedos moveram-se no luar,
Sua mosquete despedaçou o luar,
Despedaçou o seu peito no luar
e prevenindo-no com sua morte.
Ele virou-se, ele cavalgou ao oeste;
não sabia que o que havia acontecido,
Curvada coma cabeça sobre o mosquete
Encharcada em seu próprio sangue vermelho!
Só no amanhecer ele ouviu falar disso,
sua face tornou-se pálida ao ouvir
Como Bess, a filha do senhorio
A filha de olhos negros do senhorio
Que vigiou por seu amor ao luar,
e morreu na escuridão deste lugar.
De volta ele cavalgou como um louco,
gritando uma maldição ao céu.
Com a estrada branca fumegante atrás dele
e brandindo sua espada aos céus
Vermelho sangue era a espora ao meio-dia dourado,
o vermelho vinho era seu casaco de veludo.
E foi atingido pelo tiro na estrada
Caido como um cão na estrada
Caído sobre o próprio sangue na estrada,
Com o lenço de seda na garganta.
Ainda em noites de inverno, dizem,
quando o vento bate em árvores
Quando a lua é um pálido galeão,
lançada acima aos mares nublados
Quando a estrada é uma tira do luar
sobre a terra roxa
Um ladrão de estradas vem cavalgando,
Cavalgando, cavalgando
Um ladrão de estradas vem cavalgando ,
em direção ao velho albergue.
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Poema - Fernando Pessoa
O céu, azul de luz quieta,
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa -
Pontos de dedos a brincar.
No piano anônimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo o sentido deste dia.
Que bom, se isto satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.
As ondas brandas a quebrar,
Na praia lúcida e completa -
Pontos de dedos a brincar.
No piano anônimo da praia
Tocam nenhuma melodia
De cujo ritmo por fim saia
Todo o sentido deste dia.
Que bom, se isto satisfizesse!
Que certo, se eu pudesse crer
Que esse mar e essas ondas e esse
Céu têm vida e têm ser.
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Fernando Pessoa
As Penas do Amor - William B. Yeats
Sobre os telhados a algazarra dos pardais,
Redonda e cheia a lua - e céu de mil estrelas,
E as folhas sempre a murmurar seus recitais,
Haviam esquecido o mundo e suas mazelas.
Então chegaram teus soturnos lábios rosas,
E junto a eles todas lágrimas da terra,
E o drama dos navios em águas tempestuosas
E o drama dos milhares de anos que ela encerra.
E agora, no telhado a guerra dos pardais,
A lua pálida, e no céu brancas estrelas,
De inquietas folhas, cantilenas sempre iguais,
Estão tremendo - sob o mundo e suas mazelas.
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William B. Yeats
Mundo grande - Carlos Drummond de Andrade
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho
cruamente nas livrarias: preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também na rua não cabem todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros,
carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
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Carlos Drummond de Andrade
Epitáfio - Vinícius de Moraes
Aqui jaz o Sol
Que criou a aurora
E deu a luz ao dia
E apascentou a tarde
O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.
Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que
Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.
Que criou a aurora
E deu a luz ao dia
E apascentou a tarde
O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.
Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que
Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.
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Vinícius de Moraes
Algemas - Helena Kolody
Ergo para as estrelas minhas mãos fortes,
Sedentas de realizações.
Nalgum recanto escuro e subterrâneo,
Há mãos algemadas, pés que arrastam grilhões.
Uma angústia funda e estranha
Espia, como fera inquieta,
Pelas grades de ignoradas
Portas de prisões
Sedentas de realizações.
Nalgum recanto escuro e subterrâneo,
Há mãos algemadas, pés que arrastam grilhões.
Uma angústia funda e estranha
Espia, como fera inquieta,
Pelas grades de ignoradas
Portas de prisões
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Helena Kolody
Pelicano - Adélia Prado
Um dia vi um navio de perto.
Por muito tempo olhei-o
com a mesma gula sem pressa com que olho
Jonathan:
primeiro as unhas, os dedos, seus nós.
Eu amava o navio.
Oh! eu dizia. Ah, que coisa é um navio!
Ele balançava de leve
como os sedutores meneiam.
À volta de mim busquei pessoas:
olha, olha o navio
e dispus-me a falar do que não sabia
para que enfim tocasse
no onde o que não tem pés
caminha sobre a massa das águas.
Uma noite dessas, antes de me deitar
vi - como vi o navio - um sentimento.
Travada de interjeições, mutismos,
vocativos supremos balbuciei:
Ó Tu! e Ó Vós!
- a garganta doendo por chorar.
Me ocorreu que na escuridão da noite
eu estava poetizada,
um desejo supremo me queria.
Ó Misericórdia, eu disse
e pus minha boca no jorro daquele peito.
Ó amor, e me deixei afagar,
a visão esmaecendo-se,
lúcida, ilógica,
verdadeira como um navio.
Por muito tempo olhei-o
com a mesma gula sem pressa com que olho
Jonathan:
primeiro as unhas, os dedos, seus nós.
Eu amava o navio.
Oh! eu dizia. Ah, que coisa é um navio!
Ele balançava de leve
como os sedutores meneiam.
À volta de mim busquei pessoas:
olha, olha o navio
e dispus-me a falar do que não sabia
para que enfim tocasse
no onde o que não tem pés
caminha sobre a massa das águas.
Uma noite dessas, antes de me deitar
vi - como vi o navio - um sentimento.
Travada de interjeições, mutismos,
vocativos supremos balbuciei:
Ó Tu! e Ó Vós!
- a garganta doendo por chorar.
Me ocorreu que na escuridão da noite
eu estava poetizada,
um desejo supremo me queria.
Ó Misericórdia, eu disse
e pus minha boca no jorro daquele peito.
Ó amor, e me deixei afagar,
a visão esmaecendo-se,
lúcida, ilógica,
verdadeira como um navio.
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Metafísica - Carlos Nejar
Não busco a hierarquia
entre a terra e o húmus:
prefiro a transcendência
do vento,
cumprindo-se apenas,
sem dividendos
no pensamento.
Para mim
floresce
a teoria de viver.
Os momentos são inteiros
na casa dos arreios.
O tempo, Deus, a alma
couberam
nos meus cadernos de escola.
Cresci
e Deus se transformou
na religião de estar aqui,
na relação
há muito consentida
de andar rente ao chão
junto às árvores, o ar,
sem alvará
para morar na vida.
entre a terra e o húmus:
prefiro a transcendência
do vento,
cumprindo-se apenas,
sem dividendos
no pensamento.
Para mim
floresce
a teoria de viver.
Os momentos são inteiros
na casa dos arreios.
O tempo, Deus, a alma
couberam
nos meus cadernos de escola.
Cresci
e Deus se transformou
na religião de estar aqui,
na relação
há muito consentida
de andar rente ao chão
junto às árvores, o ar,
sem alvará
para morar na vida.
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Carlos Nejar
Aurora - Roseana Murray
O milagre da noite
se abrindo em manhã
soltando o jorro preso da luz
soltando os pássaros as nuvens claras
as cores todas
e o cheiro bom do café.
se abrindo em manhã
soltando o jorro preso da luz
soltando os pássaros as nuvens claras
as cores todas
e o cheiro bom do café.
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