De noite no mato as árvores semelhavam
uma águia acabada de pousar,
um anjo saudando,
um galo perfeitinho,
uma ave grande vista de frente.
De noite no mato, as vivas figuras enraizadas,
prontas a falar ou bater asas.
As contemplações vem ! Victor Hugo
Vem! - Uma flauta invisível
Suspire perto dos vergéis
-A canção mais tranquila
É a canção de pastores.
O vento sopra, debaixo dos galhos,
O espelho escuro das águas.
-A canção mais feliz
É a canção de pássaros.
Aquele cuidar atento não te atormenta.
Nos amamos! amamos sempre!
-A canção mais encantadora
É a canção de amores.
Suspire perto dos vergéis
-A canção mais tranquila
É a canção de pastores.
O vento sopra, debaixo dos galhos,
O espelho escuro das águas.
-A canção mais feliz
É a canção de pássaros.
Aquele cuidar atento não te atormenta.
Nos amamos! amamos sempre!
-A canção mais encantadora
É a canção de amores.
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Instante - Adalgisa Nery
O espanto abriu meu pensamento
Com idioma vindo do delírio,
Dos receios indefesos, dos louvores sem raízes,
No perdão oferecido sem razão.
O espanto abriu meu pensamento
Na noite carregada de lamentos
Em linguagem universal
Fluindo do eco perdido
Com passos de presságio amanhecendo.
Corpos florindo na pele da terra
Acendendo vida nas rosas e nos vermes,
Aumentando a potência do limo,
Preparando a primavera nos campos,
Ventres irrigando secas raízes,
Cogumelos róseos crescendo
Na umidade das faces.
Coagulação de prantos na semente
Das constelações adivinhadas.
E no faminto inconsciente, o tempo
Sorvendo com fúria o seu sustento
No insondável silêncio de mim mesma.
Com idioma vindo do delírio,
Dos receios indefesos, dos louvores sem raízes,
No perdão oferecido sem razão.
O espanto abriu meu pensamento
Na noite carregada de lamentos
Em linguagem universal
Fluindo do eco perdido
Com passos de presságio amanhecendo.
Corpos florindo na pele da terra
Acendendo vida nas rosas e nos vermes,
Aumentando a potência do limo,
Preparando a primavera nos campos,
Ventres irrigando secas raízes,
Cogumelos róseos crescendo
Na umidade das faces.
Coagulação de prantos na semente
Das constelações adivinhadas.
E no faminto inconsciente, o tempo
Sorvendo com fúria o seu sustento
No insondável silêncio de mim mesma.
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Infinito silêncio - Ferreira Gullar
houve
(há)
um enorme silêncio
anterior ao nascimento das estrelas
antes da luz
a matéria da matéria
de onde tudo vem incessante e onde
tudo se apaga
eternamente
esse silêncio
grita sob nossa vida
e de ponta a ponta
a atravessa
estridente.
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Ferreira Gullar
Madrigal gravado em laca - Guimarães Rosa
Quando a borboleta coroou a flor amarela
os lírios , em ângulo reto com seus caules,
fizeram uma profunda saudação...
os lírios , em ângulo reto com seus caules,
fizeram uma profunda saudação...
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O copo d'água - Lago Burnett
O copo d'água. Insípido
entre o pássaro e a lâmpada.
Lúcido e líquido.
Listras de sol passeiam-lhe a superfície
sem excessos matinais de azul-desperto.
Luz flutuante, o mundo transparente,
o copo d'água resiste.
Sólida contextura, as
firmes paredes de vidro unânimes, eternas,
equilibram o milagre.
O copo d'água. insípido
na antenoite sonora. Simples,
lúcido e líquido.
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Poemas do vento - Menotti Del Picchia
Gastar-se no tempo
diluir-se no vento
evolar-se no sonho
deixando
- haverá quem o colha? -
um resíduo...
Memória.
Levarei por onde ande
uma inquietação mais nada
impulso vital que extingo
dentro de um pouco de lama.
Tal que o vento que baila
fazendo seu corpo efêmero
com a poeira das estradas...
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Menotti Del Picchia
Um céu numa flor silvestre - Rubem Alves
Conhece-se a beleza dádiva dos deuses por aquilo que
ela produz na alma dos homens.
Quem é possuído por ela entra em êxtase:
cessa o riso, cessa o choro, o pensamento para,
a fala emudece.
É mística.
A alma está tomada pela felicidade
da tranquilidade absoluta.
Era assim que se sentia o Criador ao contemplar,
ao final de cada dia de trabalho,
o resultado da sua obra:
"Está muito bom!
Do jeito que deveria ser!
Nada há de ser modificado!
Amém!"
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Rubem Alves
Fidelidade - Henriqueta Lisboa
Ainda agora e sempre
o amor complacente.
De perfil de frente
com vida perene.
E se mais ausente
a cada momento
tanto mais presente
com o passar do tempo
à alma que consente
no maior silêncio
em guardá-lo dentro
de penumbra ardente
sem esquecimento
nunca para sempre
doloridamente.
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Henriqueta Lisboa
Brejo das almas - Carlos Drummond de Andrade
Fui em busca de vãs utopias.
Lutei contra moinhos de vento.
Dei murros em ponta de faca.
Quis reter o ultimo raio de sol
Do poente...
E a última gota de água
Da chuva...
Guardei vaga-lumes brilhantes
Em redomas translúcidas...
Guardei os girinos do rio
Em aquários de vidro...
Enchi vidros de água
Com giz colorido.
Quis reter suas cores...
Acreditei... que não desbotariam.
Desbotam...
As águas... As roupas no varal... As aquarelas...
Desbotam os olhos... e as fotografias...
Não venci os moinhos de vento...
Tenho as mãos machucadas
Das pontas de faca....
O sol não me deu o seu último raio...
E a chuva negou-me sua última gota...
Vaga-lumes não fizeram brilhar
Minha lanterna mágica...
E os girinos do rio não se tornaram
Peixes coloridos...
Viraram sapos!
Que inda hoje coaxam
No brejo das almas...
Onde mora a saudade...
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Carlos Drummond de Andrade
Ser e Estar - Mário Quintana
A nuvem, a asa, o vento,
a árvore, a pedra, o morto...
tudo o que está em movimento,
tudo o que está absorto...
aparente é esse alento
de vela rumando um porto
como aparente é o jazimento
de quem na terra achou conforto...
pois tudo o que é está imerso
neste respirar do universo - ora mais brando ora mais forte
porém sem pausa definida -
e curto é o prazo da vida...
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Mário Quintana
Nádia Dantas

que encanto é este
que embala o meu sonho
nas ondas do mar?
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Nádia Dantas
O palhaço - Manoel de Barros
Gostava só de lixeiros crianças e árvores
Arrastava na rua por uma corda uma estrela suja.
Vinha pingando oceano!
Todo estragado de azul.
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Volta a São Luís - Ferreira Gullar
Mal cheguei e já te ouvi
gritar pra mim: bem te vi!
E a brisa é festa nas folhas
Ah, que saudade de mim!
O tempo eterno é presente
no teu canto, bem te vi
(vindo do fundo da vida
como no passado ouvi)
E logo os outros repetem:
bem te vi, te vi, te vi
Como outrora, como agora,
como no passado ouvi
(vindo do fundo da vida)
Meu coração diz pra si:
as aves que lá gorjeiam
não gorjeiam como aqui
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