Da profunda cisterna da Noite
tuas pupilas perseguiam estrelas frias.
Sombras em torno de ti rondavam. Só lágrimas
e a antiga alegria, pena, a mais severa.
Tudo perdido fora do círculo dos deuses
jubilosos. Tua mãos pediam o fardo cálido,
pressentido na campina e a flor do único sorriso
que te movera além da treva. E ousaste!
Contra leis e deuses. Tocara-te Amor
e tremias sob a Lua sublevada. Flores
perfumaram teu reino. Embora tristonha em seu trono,
Perséfone era o bem que te faltava.
Mostrando postagens com marcador Dora Ferreira da Silva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dora Ferreira da Silva. Mostrar todas as postagens
Perséfone - Dora Ferreira da Silva
A Lua testemunhou teu rapto, quando
colhias violetas e anêmonas. Para onde foste,
arrancada à campina pelo sombrio Amante?
Nem tu sabias do tenebroso percurso sobre a Terra,
antes tão doce, nem da dança para sempre traçada
e nela teu passo aprisionado, coroada por Hades
com grinaldas de romãs pesadas. Kóre Perséfone, rainha
não dos vivos e da campina em flor, mas das sombras frias.
colhias violetas e anêmonas. Para onde foste,
arrancada à campina pelo sombrio Amante?
Nem tu sabias do tenebroso percurso sobre a Terra,
antes tão doce, nem da dança para sempre traçada
e nela teu passo aprisionado, coroada por Hades
com grinaldas de romãs pesadas. Kóre Perséfone, rainha
não dos vivos e da campina em flor, mas das sombras frias.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Ao Sol - Dora Ferreira da Silva
Naufragas na noite
em pompas de luz e imensidade
todo germe palpita na semente
e da nova manhã ressurges
clara divindade
nua a carnação sob o manto escarlate.
em pompas de luz e imensidade
todo germe palpita na semente
e da nova manhã ressurges
clara divindade
nua a carnação sob o manto escarlate.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Partitura com Lua - Dora Ferreira da Silva
Notação de pássaros
nos fios da rua:
mínimas semínimas pausas.
Sobre o piano rosas estremecem.
Cadências de alma sobressaltam um público
desatento e ao relento ressoam
algumas dissonâncias (tropel de potros
presos numa sala). Mas por acaso em pura sintonia
pássaros refazem a partitura
no heptacorde dos fios da rua.
Ei-la tão plena no dia findo azulado-
a lua soberana e alta
do sono deste outono.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
O silêncio - Dora Ferreira da Silva
O silêncio tem uma porta
que se abre
para um silêncio maior:
antecâmara do último,
que anuncia outro depois.
que se abre
para um silêncio maior:
antecâmara do último,
que anuncia outro depois.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
O vento - Dora Ferreira da Silva
Na palma do vento
pouso a fronte. Nele confio.
A quem confiaria senão a ele
este rude labor?
Abandono-me à tormenta
(lumes mastros
gaivotas do mar próximo).
Enreda-me a noite.
Mas dele são os dedos leves
que me fecham os olhos. E é manhã.
pouso a fronte. Nele confio.
A quem confiaria senão a ele
este rude labor?
Abandono-me à tormenta
(lumes mastros
gaivotas do mar próximo).
Enreda-me a noite.
Mas dele são os dedos leves
que me fecham os olhos. E é manhã.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Alguém... - Dora Ferreira da Silva
Alguém desfecha a flecha do voo:
reflexo no vidro onde a chuva
penteia os cabelos.
Cantiva de muitas lágrimas
dos suspiros do vento
nesta casa pousada na montanha
aguardo criança flor anjo ou passaro.
Pensamentos alígeros - andorinhas
nos aguaceiros de verão
traçam oblíquas, desaparecem
no céu que escurece.
Abraçada à minha alma
não sinto o tempo latejar por perto.
O incerto longe é a minha vocação.
O longe do longe onde talvez
estás sempre em despedida
do invólucro que não te retém. E eu
sempre atrás do aceno teu
do aroma que te esquece e se esvai.
Se um lenço de fino linho
se desprendesse de teus dedos (sonho meu)
o caçaria como a um pássaro
que longe vivia
e me pertencia.
reflexo no vidro onde a chuva
penteia os cabelos.
Cantiva de muitas lágrimas
dos suspiros do vento
nesta casa pousada na montanha
aguardo criança flor anjo ou passaro.
Pensamentos alígeros - andorinhas
nos aguaceiros de verão
traçam oblíquas, desaparecem
no céu que escurece.
Abraçada à minha alma
não sinto o tempo latejar por perto.
O incerto longe é a minha vocação.
O longe do longe onde talvez
estás sempre em despedida
do invólucro que não te retém. E eu
sempre atrás do aceno teu
do aroma que te esquece e se esvai.
Se um lenço de fino linho
se desprendesse de teus dedos (sonho meu)
o caçaria como a um pássaro
que longe vivia
e me pertencia.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Rolinhas - Dora Ferreira da Silva
Rolinhas queixaram-se à minha porta.
Joguei-lhes riso
elas se foram.
Migalhas de pão e sementinhas
semeei nos parapeitos:
ciscando elas choravam
com uma dor tão perto do infinito.
Dei-lhes água
não quiseram –
(o lamento crescia em telhados
canteiros)
e me afligiam.
Chorei e quis afugentá-las. Ficaram.
A árvore cresceu e ramos muitos ramos
e lá vivemos
em silêncio e canto.
Joguei-lhes riso
elas se foram.
Migalhas de pão e sementinhas
semeei nos parapeitos:
ciscando elas choravam
com uma dor tão perto do infinito.
Dei-lhes água
não quiseram –
(o lamento crescia em telhados
canteiros)
e me afligiam.
Chorei e quis afugentá-las. Ficaram.
A árvore cresceu e ramos muitos ramos
e lá vivemos
em silêncio e canto.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Chamar Pássaros - Dora Ferreira da Silva
Chamar pássaros com o alpiste
de amá-los. Eles pousam nos parapeitos. Nem
sombra de medo nessa aproximação.
Quase me sinto gêmea do que são parados
à beira da janela ou saltando no telhado
recém-chegados.
A cordialidade dos pássaros é
sutil:
afloram o coração de quem os ama.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Mulher e Pássaro - Dora Ferreira da Silva
Linha invisível
liga-me àquela andorinha:
tato percorrendo
um trajeto
de comunhão. O pássaro
debate-se em meu peito.
Ou coração? A andorinha
se esvai na tarde. Leva consigo
o que não sei de mim.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Murmúrios - Dora Ferreira da Silva
Pousa num ramo um sopro de agonia
dos que morrem (sem saber)
em nosso coração.
Suspira a noite no vento vadio.
Amados mortos: tentais dizer
o quanto amais ainda?
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Dora Ferreira da Silva
Assinar:
Postagens (Atom)